Lesões nos ligamentos do joelho: tratamentos mais adequados

Parece ironia: as pessoas mais propensas a sofrer lesões nos ligamentos do joelho são justamente aquelas que possuem estilos de vida mais ativo. Um levantamento feito em 2017, com base em dados de pacientes atendidos pelo Instituto do Joelho do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, mostra que 55% dos rompimentos ocorrem com praticantes de futebol. O “ranking” segue com artes marciais (16%), basquete (12%) e treinos na academia (8%).

Embora atinja esportistas na maioria das vezes, lesões ligamentares no joelho (ou os mecanismos que a provocam) também podem advir de entorses, escorregões e quedas. O tipo e a intensidade da lesão variam de caso para caso, a depender de uma série de fatores. Entre elas gênero, idade, preparo do indivíduo e lesões anteriores.

O tipo de lesão mais comum é a de ligamento cruzado anterior – que une a tíbia ao fêmur. “O ligamento cruzado é formado por feixes e esses mecanismos podem sofrer lesões parciais ou até mesmo a ruptura total”, explica Marcelo Faria Silva, doutor em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Independentemente do tipo de lesão, o acompanhamento profissional durante a recuperação do paciente é fundamental. Em média, o processo dura de seis a oito meses.

“O fisioterapeuta atua desde o diagnóstico funcional, passando pela fase hospitalar, até o retorno das atividades cotidianas”, acrescenta Faria Silva, que também é presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato-Ortopédica (ABRAFITO).

Tratamento conservador das lesões nos ligamentos do joelho ou cirúrgico?
Existem duas alternativas de tratamento para lesões nos ligamentos do joelho. A recuperação conservadora, em que não há intervenção cirúrgica, é geralmente utilizada em casos de ruptura parcial.

“Idosos e pessoas sem pretensão esportiva, focadas apenas no retorno às atividades diárias, e que não apresentam instabilidade no joelho, são as que mais utilizam a técnica conservadora”, explica Marlon Francys Vidmar, especialista em Fisioterapia Musculoesquelética e coordenador do curso de Fisioterapia da Faculdade Ideau, de Getulio Vargas (RS).

Durante o tratamento, as terapias principais focam a redução do edema. “O alívio dos sintomas de dor acontece a partir do reforço da musculatura da coxa, diminuindo a sobrecarga sobre o joelho problemático até que ele volte à estabilidade”, acrescenta Vidmar.

Já o tratamento cirúrgico, mais comum entre esportistas, ocorre com o rompimento total do ligamento cruzado anterior. O procedimento também pode ser adotado em casos de lesão associada a problemas históricos de menisco ou de cartilagem.

Chamada de ligamentoplastia, a cirurgia consiste na retirada do ligamento rompido e em sua substituição por um enxerto – que pode vir do terço central do tendão patelar ou dos tendões dos flexores (localizados na região posterior da coxa).

Para Vidmar, existem três fases na etapa pós-operatória. A primeira consiste em controle do edema, diminuição da dor e ganho de amplitude de movimento. Entrando na segunda etapa, é hora da recuperação da musculatura atrofiada pelo desuso, com ênfase na musculatura anterior da coxa, na musculatura abdutora e na rotadora externa dos quadris. Ainda nesta fase é necessário o treinamento de marcha, exercícios proprioceptivos e retorno gradual às atividades.

Na terceira e última fase, o indivíduo realiza exercícios pliométricos e de retorno ao esporte. “O processo segue até que o paciente chegue à condição de pré-lesão, retornando às atividades de antes”, finaliza Marcelo Faria Silva, da Abrafito.

fonte: Secad
imagem: Pressmaster, de envatoelements



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