Belas esculturas de ossos de 51.000 anos atrás estão mudando nossa visão dos neandertais

Como humanos, gostamos de pensar que temos algumas características únicas no reino animal. A linguagem nos permite comunicar com eficiência uns com os outros. A cultura preserva e acumula conhecimento ao longo das gerações. Tecnologia e ferramentas nos ajudam a resolver problemas. Símbolos e arte revelam pistas sobre nossas experiências complexas.

Um crescente corpo de evidências sugere que as características que tendemos a presumir são exclusivas dos humanos modernos, podem ter estado presentes também em nossos primos hominídeos.

Cientistas anunciaram agora a descoberta de um osso de alce-gigante esculpido e gravado com 51.000 anos, produzido pelos neandertais nas montanhas Harz, no norte da Alemanha. Os entalhes no osso de veado são arranjados de forma precisa e artística em padrões chevron.

Evidências anteriores de traços simbólicos e artísticos em neandertais são escassos, mas as novas descobertas levantam questões interessantes sobre o quão complexo o comportamento dos neandertais pode realmente ter sido.

As descobertas se somam a pesquisas anteriores que já apontavam para as características comportamentais complexas dos neandertais, como sua capacidade de produzir e ouvir os sons da fala de humanos modernos, sua produção de ferramentas e tecnologia e seu luto pelos mortos.

Os arqueólogos Dirk Leder, Thomas Terberger e seus colegas dataram o osso de alce-gigante pelo carbono, revelando seus 51.000 anos de idade. A análise microscópica e a replicação experimental sugerem que o osso foi realmente fervido para amolecer antes que a gravação ocorresse.

Até agora, as evidências artísticas dos Neandertais se resumiam a símbolos minimalistas e estênceis feitos à mão nas paredes das cavernas em três sítios arqueológicos espanhóis – La Pasiega, Maltravieso e Ardales.

Os autores do novo estudo acreditam que a gravação de linhas individuais no desenho chevron, combinada com o fato de que esses alces-gigantes (Megaloceros giganteus) eram raros ao norte dos Alpes naquela época, reforça a ideia de que as gravuras têm significado simbólico e mostram evidências para imaginação conceitual em neandertais.



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