Artrose no joelho e a prática esportiva: 10 mitos e verdades

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a artrose é a doença crônica mais comum na população. Estima-se que seja responsável por 55% das hospitalizações por problemas articulares e 20% das consultas médicas ambulatoriais. O risco, ao longo da vida, de artrose sintomática do joelho é relatado como sendo 44,7% no geral, 56,8% entre aqueles com história de lesão no joelho e 60,5% entre pessoas obesas. Embora seja controverso, alguns autores afirmam que prática esportiva pode aumentar o risco de artrose, mas não está claro se isso se deve ao esporte especificamente, a uma lesão relacionada ao esporte ou a algum outro fator desconhecido.

Os benefícios para a saúde da atividade física e do exercício foram resumidos pelo “relatório do Comitê Consultivo de Diretrizes de Atividade Física” em 2008. Este relatório fornece evidências contundentes para apoiar a promoção de um estilo de vida fisicamente ativo. Uma descoberta deste painel de especialistas foi que a participação nos tipos e quantidades de atividades físicas recomendadas para benefícios à saúde não mostrou aumentar o risco de artrose. A participação desportiva formal, seja competitiva ou não, não é necessária para levar um estilo de vida fisicamente ativo.

O tratamento da artrose é fortemente influenciado pelo grau em que a doença se encontra quando é diagnosticada, bem como pelas características individuais de cada paciente. Em casos em que o diagnóstico é realizado precocemente, as chances de o paciente ter uma qualidade de vida melhor aumentam substancialmente. Por se tratar de um problema bastante comum, existem diversos mitos e verdades acerca do tema. Abaixo, esclareceremos dez deles.

1. Submeter o joelho a cirurgias faz com que ele evolua para artrose? Verdade!
Diversas teorias relacionadas à bioquímica do joelho em pós-operatórios apontam que depois de cirurgias no joelho, o corpo apresenta um aumento na liberação de enzimas inflamatórias. Isso faz com que a degradação da cartilagem seja acelerada. Porém, existem casos em que o paciente não apresenta nenhum sintoma relacionado a esse desgaste.

2. A artrose é prevenida com a cirurgia de reconstrução de ligamento cruzado anterior? Mito!
Embora esta cirurgia tenha evoluído muito e várias outras técnicas tenham sido aplicadas em conjunto, ela apenas reduz a taxa de degeneração, mas não evita completamente a artrose. Com a cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior, o joelho é estabilizado, fazendo com que o paciente consiga praticar esportes de forma plena, desde que o procedimento seja realizado corretamente e a sua reabilitação seja adequada. Importante ter em mente que mesmo que o paciente tenha imagens que mostrem algum grau de degeneração articular, não necessariamente haverá algum sintoma.

3. A artrose pode ser causada pela retirada de menisco? Verdade!
Mesmo existindo casos em que o paciente que teve o seu menisco retirado não sinta nada, por meio de exames será sempre possível identificar diferenças entre o joelho que foi submetido à operação e o joelho saudável. Isso porque com a retirada do menisco lateral, a taxa de degeneração se torna sete vezes maior.

4. Existem protocolos de exercícios para quem tem artrose? Verdade!
Com o avanço da compreensão da necessidade de ativação muscular com pouco impacto e agressão articular, foram desenvolvidos inúmeros exercícios específicos para cada nível de artrose, assim como para cada grupo articular. É importante que esses exercícios evitem a sobrecarga articular.

5. A artrose é genética? Verdade!
Diversos estudos identificaram genes que fazem com que a degeneração da cartilagem ocorra de maneira acelerada. Com isso, algumas pessoas irão ter um desgaste maior da cartilagem quando comparadas a outras.

6. A cirurgia de prótese total de joelho pode ser evitada com os chamados “condroprotetores"? Mito!
O uso dos condroprotetores, medicações que “prometem” evitar o desgaste articular, como a glucosamina, o colágeno tipo II e a aplicação do ácido hialurônico, atuaria como um modificador da doença, reduzindo a taxa de degeneração da cartilagem que causaria a artrose, quando realizada da maneira correta. Embora diversos estudos tenham mostrado eficácia do uso dessas substâncias nos protocolos de retorno ao esporte, sabe-se que nenhuma delas é capaz de evitar uma cirurgia definitiva. Isso se dá devido a diversos motivos, como o grau da degeneração e o envelhecimento natural da pessoa.

7. Os homens são mais suscetíveis a ter artrose? Mito!
Na verdade, a artrose é mais comum em mulheres. Autoridades no assunto relatam que algumas características biomecânicas têm influência sobre isso. A largura da bacia e a tendência de as mulheres jogarem o joelho para dentro em descidas são alguns dos fatores que propiciam uma artrose.

8. Quem tem artrose não deve praticar esportes? Mito!
Muitos são os estudos que apontam que o sedentarismo é um dos principais aliados da degeneração das cartilagens. Isso ocorre devido à liberação de enzimas inflamatórias, que é aumentada em indivíduos sedentários. Sendo assim, a prática de exercícios regulares é fundamental para impedir a progressão de uma artrose. Vale lembrar que os exercícios devem ser específicos para cada idade, sexo, objetivos e grau da degeneração articular.

9. Em uma artrose de grau avançado, a prótese de joelho é sempre o tratamento definitivo? Mito!
Além da prótese de joelho, várias cirurgias novas têm entrado no leque de opções, como a osteotomia. Outras técnicas, como subcondroplastia e técnicas que estimulam a regeneração da cartilagem, também fizeram com que a prótese de joelho se tornasse uma das últimas opções quando se trata de artrose.

10. Após a cirurgia de prótese de joelho, o paciente deve definitivamente abandonar o esporte? Mito!
Diversos protocolos de prescrição de atividades físicas têm sido criados, e muitos deles têm se mostrado bastante seguros para manter o indivíduo ativo, com impacto direto em doenças clínicas como o diabetes tipo 2, hipertensão arterial e depressão.

fonte: Globo Esporte, escrita pelo Dr. Adriano Leonardi
imagem: bernardbodo, de envatoelements



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