Cirurgia de menisco

O corpo humano possui uma série de amortecedores, que evitam atritos e permitem a movimentação indolor no dia a dia. Como esses amortecedores sofrem bastante impactos, todos estão sujeitos ao desgaste e a consequentes problemas. É o caso, por exemplo, dos meniscos, localizados no joelho. Quando passa por grande desgaste ou lesão, esse se componente precisa ser tratado, tendo até que ser cirurgia de menisco.

O que é o menisco?
Imagine seu corpo como um carro. Cheio de peças e amortecedores que se atritam e assim permitem o movimento de toda a máquina. Para que o choque entre todas as peças não seja exagerado, o carro possui amortecedores em mola. Quando estes param de agir como deveriam, devido ao desgaste, o atrito aumenta, prejudica outras partes do motor, provoca rangidos e dificulta o movimento.

O mesmo acontece quando os amortecedores do corpo são danificadas. Seja em qualquer área do organismo, elas são fundamentais para evitar o choque direto entre ossos. Se não existissem, cada movimento seria motivo de dor e da sensação de raspagem entre uma estrutura e outra.

Importância dos meniscos
As estruturas existentes no joelho são de extrema importância. Afinal, essa região do corpo é um dos responsáveis por sustentar todo o tronco. Como o joelho é uma articulação fundamental para a locomoção, sofre uma quantidade enorme de atritos diariamente. Entre os amortecedores dos joelhos estão os meniscos, estruturas fibrocartilaginosas que ficam localizadas no centro dessa articulação.

Eles tem conformação semicircular e separam fêmur e tíbia, melhorando o encaixe entre os ossos, facilitando a biomecânica e melhorando a dissipação de cargas.

Dessa forma, além de amortecedores, os meniscos funcionam como estabilizadores, distribuidores de carga e lubrificantes dos joelhos. Cada perna possui duas dessas estruturas: o menisco posicionado do lado de dentro do joelho recebe o nome de menisco medial, e o posicionado na lateral é conhecido como menisco lateral.

O medial, por ser mais fixo, fica mais sujeito a sobrecarga e lesões, já o lateral, por ser mais móvel, apresenta mais capacidade de se adaptar às mudanças de movimento e, portanto, tem menor incidência de lesão.

De qualquer modo, os traumas no menisco lateral costumam ser decorrentes de impactos diretos e bruscos, enquanto os problemas no menisco medial se desenvolvem ao longo de um tempo, por causa de movimento repetitivos.

Causas das lesões
O desgaste das “peças” que formam o corpo humano é comum. Afinal, após anos e anos de uso uma máquina tende a falhar. É por isso que os idosos costumam apresentar problemas no funcionamento dos órgãos e doenças decorrentes do desgaste dos ossos, como a artrose. Desse modo, esse é um dos fatores que leva ao desenvolvimento de lesões do menisco: o desgaste pela idade do indivíduo.

Em situações assim, pode-se indicar como pessoas com mais de 65 anos como as mais suscetíveis a problemas. Problemas, aliás, que poderão surgir mesmo com a realização de atividades básicas, como subir escadas.

Em outros casos, porém, esse “lesão natural” pode ser acelerada, devido principalmente a grandes torções ou impactos, como uma pancada direta sobre o joelho. Geralmente isso ocorre durante a prática incorreta de atividades físicas. Assim como em esportes de grande contato, como o futebol, em que é normal ocorrerem choques e divididas de bola com os adversários.

Até mesmo situações comuns do cotidiano podem aumentar a predisposição a lesões e causar problemas, como fazer agachamentos muito baixos, com excessiva flexão de joelho. Nesse caso, distribuir a carga do agachamento também com o quadril, flexionando-o, ajuda a reduzir a sobrecarga no joelho.

Girar sobre o corpo de forma recorrente e rápida é igualmente um problema. Assim como levantar muito peso sem o cuidado de distribuir a carga com outras articulações. Ou seja, apoiando-as de forma muito centralizada nas pernas, sem se preocupar com a postura do quadril, coluna ou dos braços, como na situação citada anteriormente.

Doenças também são fatores comuns ao aparecimento de lesões nos meniscos, como é o caso da artrite e da artrose, que prejudicam as funções dessas estruturas

Sinais e sintomas
O principal sinal de que há algo errado com o menisco é a dor. A sensação aparece durante os mais simples movimentos como o caminhar ou ao subir e descer escadas. O indivíduo percebe o incômodo principalmente na parte da frente do joelho.

O que não significa, porém, que a dor não possa aparecer em outros locais: se a lesão for no menisco lateral, é possível que o incômodo marque maior presença também na lateral da perna; se a lesão for no medial, pode-se perceber o incômodo na parte mais interior da perna.

A dor pode ser provocada pelo movimento, mas também pode ser percebida quando se toca o joelho. Muitas vezes a palpação da região sugere que algo está errado e indica ao paciente a necessidade de avaliação profissional. travamento do joelho são comumente característicos e devem ser investigados, sobretudo quando estão relacionados a dor.

O sujeito com uma lesão nessa região sente dificuldade em dobrar e em estender a perna, e por vezes pode achar que, se a área for movida mais um pouco, a sensação de dor será nauseante.

Por último, há mais um sinal clássico da lesão, sobretudo nas fases iniciais: o edema, também conhecido como inchaço. O edema do joelho acontece quando há um acúmulo de líquido sinovial, sangue ou pus nessa área. Se houve uma pancada direta na região, esse acúmulo é compreensível e tende a desaparecer em até 48 horas. Se persiste e está associado à intensa dor, é sinal de algo mais grave que um choque físico.

Diagnóstico da lesão no menisco

O diagnóstico é feito através da queixa clínica do paciente e de um exame físico detalhado, baseado em um conjunto de testes e manobras específicas. Os testes realizados consistem na associação de movimentos de flexão e rotação do joelho e também de compressão. A presença de dor durante a realização destas manobras é um indicativo de que o paciente pode apresentar lesão meniscal.

As suspeitas clínicas devem ser confirmadas por imagens da articulação do joelho e normalmente são solicitados exames complementares, como ressonância nuclear magnética (RNM).

A RNM tornou-se o exame ‘’padrão-ouro’’ no diagnóstico por imagem de lesão meniscal e auxilia não só na identificação do local e do tipo de lesão do menisco, como também de possíveis lesões associadas, como de ligamentos ou cartilagem.

Em alguns casos, o médico examina o interior do joelho do paciente fazendo uso de um aparelho chamado artroscópio, que também é amplamente utilizado para a realização da cirurgia de reparo ou retirada do fragmento lesionado.

Tratamento da condição
O tratamento varia entre conservador e cirúrgico. Quando há pequenas rupturas, sem dor de origem mecânica, muitas vezes os sintomas podem ser resolvidos mais facilmente.

O médico orienta apenas alguns cuidados como: fazer uso de medicamentos analgésiso e antinflamatórios prescritos por ele, descansar o joelho, evitando as atividades que causem dor, colocar compressa ou um saco com gelo no joelho por cerca de 30 minutos, dentre outras orientações.

Em casos em que o tratamento conservador não apresenta resultados satisfatórios, a cirurgia artroscópica, seguida de fisioterapia por 1 ou 3 meses pode promover a recuperação total do joelho.

O tempo total de recuperação de uma lesão de menisco varia muito com a causa do problema, sua gravidade e estado de saúde geral do indivíduo. Normalmente, porém, todas as capacidades de movimento e locomoção são restauradas em até quatro a seis meses do pós-cirúrgico, dependendo da técnica utilizada na cirurgia.

Num primeiro momento após a operação do menisco é necessário manter repouso: permanecer deitado ou sentado, evitar mexer a perna e utilizar pacotes de para diminuir o inchaço. Alguns dias após, é possível andar com o auxílio de muletas e de uma joelheira. O início dessa possibilidade será indicado pelo médico, de acordo com a técnica cirúrgica e o progresso da cicatrização da ferida.

Outros métodos
A fisioterapia consiste geralmente em uma série de exercícios para fortalecimento dos músculos da perna e recuperação da mobilidade do joelho.

A fisioterapia aborda o uso de recursos de eletrotermofototerapia (com o objetivo de reduzir a dor e o processo inflamatório local), associado a um protocolo de fortalecimento de músculos específico e responsáveis pela estabilidade de todo o membro inferior, correção do comportamento biomecânico do paciente, treino sensório-motor em superfícies estáveis e instáveis (treino de equilíbrio) e, por fim, treinamento do gesto esportivo e retorno às atividades esportivas (em caso de atletas).

Toda série é pensada especialmente para o paciente, de modo que seu corpo se adeque e obtenha benefícios com a fisioterapia. Algumas vezes, ao fim de casa sessão, é indicado utilizar bolsa de gelo para desinchar a região.

Cirurgia de menisco: como é feita?
A cirurgia de menisco frequentemente é um procedimento rápido, que dura em torno de 30 minutos. Esse tempo, no entanto, pode variar de acordo com a gravidade e tamanho da lesão d com a presença de lesões associadas.

A operação é realizada com anestesia do paciente (podem ser utilizadas a anestesia raquidiana (imobiliza os membros inferiores e parte do abdômen) ou a peridural (age somente nos nervos que transmitem a sensibilidade dolorosa).

Em seguida é feita a assepsia da região, ou seja, a limpeza do local que sofrerá a incisão. Em seguida, os médicos cirurgiões realizam uma pequena incisão com o bisturi. Para que não seja necessária uma grande incisão para a visualização do menisco, é utilizado um artroscópio, um pequeno dispositivo com uma câmera na ponta.

Esse dispositivo é introduzido no joelho e transmite imagens internas do corpo para um monitor, de modo que o médico consegue realizar a cirurgia de menisco com apenas algumas pequenas ferramentas. Desse modo, é realizado outro corte em que os equipamentos cirúrgicos, como a pinça ou uma tesoura, são inseridos.

Guiado então pelo artroscópio, o médico localiza a lesão e faz o reparo ou remoção do tecido meniscal danificado. Em seguida, é feito o fechamento das incisões, com pontos e curativos.

No caso de  algumas lesões em especial, a cirurgia pode ser um pouco mais delicada, sendo necessário costurar parte do menisco. Se for essa a situação, o médico pode finalizar a cirurgia de menisco imobilizando a perna do paciente com uma tala e solicitando que o paciente retire a carga do membro inferior operado (use muletas).

Essa imobilização será fundamental para a cicatrização correta da ferida e deve ser mantida exatamente pelo período indicado pelo ortopedista.

A importância do pós-operatório
É muito comum que o paciente receba alta no mesmo dia da operação cirúrgica. E ele é orientado quanto a alguns cuidados em casa. Normalmente, precisará de muletas para se locomover durante alguns dias. Após, mais ou menos, uma semana, ele deverá iniciar sessões de fisioterapia para tratar as dores e a movimentação do joelho.

Sabe-se que a recuperação após qualquer tipo de cirurgia é individual. Cada paciente responde de uma forma. O retorno às caminhadas e corridas pode ser feito com cerca de 30-45 dias depois da operação. Atividades físicas e esportes que exigem mais esforço do paciente, devem aguardar um período maior antes de serem retomados.

Todas as recomendações feitas pelo médico em relação ao pós-cirúrgico do menisco devem ser seguidas à risca. O repouso, a imobilidade inicialmente, aplicação de gelo e consumo de remédios.

A fisioterapia, por sua vez, tem papel mais que fundamental ao retorno completo dos movimentos da perna, e pode ser mais curta ou prolongada de acordo com o tipo de cirurgia e com o avanço do tratamento. Considerando ainda que os exercícios são desenvolvidos de acordo com cada paciente, sua eficácia costuma ser bastante grande.

fonte: Instituto Trata, escrita pelo Dr. Thiago Fukuda
imagem: Littlemiss1, de envatoelements



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